sábado, 24 de outubro de 2009

Medo?!

Um soluço, um gemido, um doce tormento reflectido no olhar, um desejo inadvertido de seguir em frente e não ser capaz de me libertar… um sorriso tímido, um bater apressado do coração e beijos… muitos beijos, mas que surgem apenas da minha imaginação. Sonhos, sonhos e mais sonhos, sonhar eternamente contigo… abraçar-me… enlear-me em sentimentos trôpegos e irreflectidos e acordar a sentir que a minha paz está no facto de te saber o meu abrigo.

Porque eu hoje pensei em ti!...

(Diz-me quem és…)
Hoje pensei em ti. Pensei em ti de uma forma calma e terna, com uma saudade intensa e um sentimento de libertação; como se o pensamento conseguisse projectar os gritos da alma.
Hoje pensei em ti. Pensei no teu sorriso, na forma como me fascina. Pensei na tua timidez, na forma como me comove. Pensei na tua sensatez, na forma como isso me faz sentir tranquila e segura. Pensei na tua força interior, na forma como consegues revelar aos outros o verdadeiro sentido da vida. Pensei na tua expressão emotiva, na forma como não consegues esconder os teus receios ou alegrias.
Hoje pensei em ti. Pensei nos dias que passamos a trocar ideias e a sentir a presença um do outro.
Hoje pensei em ti. Pensei na magia e na realidade que tu projectas na minha vida. Pensei nas páginas de palavras que trocámos. Pensei nas promessas ocultas que fizemos. Pensei nos segredos que partilhámos. Pensei nas histórias que contámos.
Hoje pensei em ti. Pensei no valor que dás às pessoas e aos seus sentimentos. Pensei na forma como partilhas os teus receios e confianças e como deixas transparecer uma certa tristeza por algumas coisas que se manifestam de forma mais incoerente.
Hoje pensei em ti. Pensei na tua forma de pensar e em como ela se reflecte na minha, conjugando-se os dois ideais de uma forma tão natural. Diz-me quem és e tira-me desta letargia que sinto, pela confusão de sentimentos que me invade. Diz-me! (porque…)
Hoje pensei em ti. Pensei e sorri. E sorri porque hoje pensei em ti…

Encontra-me


Por onde vagueiam os teus pensamentos?
Agora que eu precisava de ti…
Deixa-me apenas encontrar-te!
Sinto-me tão frágil…
Tão insegura…
Tão inconstante…
… Tão imensamente confusa!

Quero mas nem sei o quero
E tenho tanto medo de querer

De te querer…

O que é isto que estou a sentir?...

Por onde vagueiam os teus pensamentos?
Deixa-os voar…
Deixa-os encontrarem-se nos meus!

E assim, talvez, também tu me possas encontrar…

O doce calor de sentir…


Não foi só um olhar… não foi apenas um sorriso… não foi apenas uma ilusão
São imensas confusões que me fazem sentir uma felicidade indescritível, um fascínio por uma sensação distante e que já me esquecera ser possível experimentar. Como é que os nossos dedos se cruzaram? Nem sei… Lembro-me apenas de ter a mão entre a tua, de sentir… de sorrir…. de estar a gostar… de tentar agir com naturalidade… de me tentar abstrair para não ter de te olhar… de escutar a tua pulsação na ponta dos meus dedos… e por fim, de desejar que o momento não terminasse… que se prolongasse até nada mais existir…
Mas não foi assim…
O doce calor de te sentir foi substituído pelo teu olhar intenso, antes de desapareceres no horizonte… até que os nossos destinos se cruzem novamente….
(Amanhã)
Escrito a 20 de Outubro de 2009

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Como um sopro

Se o dia brilhar no meu coração, serei banhada por raios de Sol e a tristeza será aniquilada para sempre do meu redor. As sombras desaparecerão e darão lugar à luminosidade eterna, a uma chuva de certezas especiais... a sorrisos e sonhos imortais. Mas, provavelmente, eu não mereço tanto...

sábado, 10 de outubro de 2009

Fala-me de Deus!

Disse à amendoeira: fala-me de Deus!
E a amendoeira floriu.
Disse ao pobre: fala-me de Deus!
E o pobre ofereceu-me a sua casa.
Disse ao sonho: fala-me de Deus!
E o sonho fez-se realidade.
Disse à casa: fala-me de Deus!
E abriu-se a porta.
Disse à natureza: fala-me de Deus!
E a natureza cobriu-se de formosura.
Disse ao amigo: fala-me de Deus!
E o amigo ensinou-me a amar.
Disse ao rouxinol: fala-me de Deus!
E o rouxinol pôs-se a cantar.
Disse a um guerreiro: fala-me de Deus!
E o guerreiro depôs as armas.
Disse à fonte: fala-me de Deus!
E a água brotou.
Disse à minha mãe: fala-me de Deus!
E a minha mãe deu-me um beijo na fronte.
Disse à mão: fala-me de Deus!
E a mão converteu-se em serviço.
Disse ao inimigo: fala-me de Deus!
E o inimigo estendeu-me a mão.
Disse à voz: fala-me de Deus!
E a voz não encontrou palavras.
Disse à Bíblia: fala-me de Deus!
E a Bíblia cansou-se de tanto falar.
Disse a Jesus: fala-me de Deus!
E Jesus ensinou-me o Pai Nosso.
Disse, temeroso, ao sol poente: fala-me de Deus!
E o sol ocultou-se sem nada dizer.
Mas, no dia seguinte, ao amanhecer, quando abri a janela,
ele voltou a sorrir-me.
(Miguel Estradé)

De regresso à catequese, este conto estava lá à minha espera, à espera que o lesse e o interiorizasse: acima de tudo, à espera que tente vivê-lo!

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A Pastora

A linda Pastora, guardando o seu gado,
Andava esquecida num alto montado.

E o Rei, que voltava, sombrio, da caça,
Com seus falcoeiros e galgos de raça,

Detem-se, pensando, de subito, ao vê-la,
Em ermo tão alto, que fôsse uma estrella.

— «Oh linda Pastora dos olhos castanhos,
Que passas a vida guardando rebanhos!

A tua belleza deslumbra os meus olhos,
Como uma tulípa no meio de abrolhos.

Teus labios parecem cerejas vermelhas,
E a pelle é mais fina que a lã das ovelhas.

Sobre o oiro das tranças, tuas faces tão puras
São duas papoilas em searas maduras.

Estrella ou Pastora, se queres ser minha,
Terás as riquezas que tem a Rainha!»

— «A flôr dos vallados é sempre modesta
E a humilde zagalla presume de honesta.»

— «Terás equipagens, palacios, castellos,
E joias a arderem nos fulvos cabellos;

Um throno de esmaltes em oiros massiços,
Lacaios, escravos, fidalgos submissos!...»

— «Ás vossas riquezas, perdidas nos montes,
Prefiro mirar-me no espelho das fontes;

As joias, que valem, se eu guardo o meu gado,
Com rubras papoilas a arder no toucado?...

De nada me servem fidalgos, escravos,
Pois tenho as abelhas e o mel dos meus favos.

Segui vosso rumo, que a tarde caminha;
Guardae as riquezas que são da Rainha».

— «Não rias, vaidosa, das minhas promessas,
Que a forca tem visto mais lindas cabeças...»

— «Talvez que mais lindas já visse pender,
Mas nunca tão firme nenhuma ha-de ver,

Que a Virgem Santissima, a Virgem clemente,
Ampara, sorrindo, quem morre innocente,

E os anjos, descendo do ceu a voar,
Á forca viriam minh'alma buscar!»

E a linda Pastora, que a ser ultrajada
A morte prefere,--vae ser enforcada!

Levaram-na, á força, das suas ovelhas,
Pendendo-lhe ás tranças papoilas vermelhas,

Com gritos de escarneo, no meio da turba...
Mas nada os seus olhos serenos perturba.

E toda inundada na luz que irradia,
Sorrindo, os estrados da forca subia...

Então, n'um relance, do azul transparente,
Surgindo mais alvas que a lua nascente,

Duas pombas que descem e voam a par,
Nos braços da forca vieram poisar...

E a linda Pastora dos olhos castanhos,
Tão longe da serra, cercada de estranhos,

Sem ter um gemido, sem ter um lamento,
Expira na forca... Mas n'esse momento,

No grande silencio que a morte causara,
Aos olhos de todos que attonitos viram
Tão grande prodigio, coragem tão rara,
Dos braços da forca--três pombas partiram!
(António Feijó)

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Desabrochar


Tudo parece tão inegavelmente sublime, talvez sejam os meus olhos, talvez seja a minha imaginação, talvez seja um sorriso que Deus enviou com o meu nome inscrito, talvez não seja absolutamente nada, talvez seja uma visão, talvez um engano ou uma confusão... mas os pássaros vieram alegrar os caminhos com os seus cânticos, as flores trouxeram a inquietude da sua beleza, o tom dourado das folhas que começam a cair parece oferecer uma cama para os meus pés percorrerem estradas sem fim. A meta pode estar mesmo à saída de casa... o importante é encontrá-la! E se os campos vão florescer de novo na próxima Primavera, e se os pássaros vão voltar a encantar e se as árvores vão encher-se de folhas novamente, um sorriso pode também desabrochar.

domingo, 4 de outubro de 2009

Oração da Paz

Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz;
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvidas, que eu leve a fé;
Onde houver erros, que eu leve a verdade;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, fazei com que eu procure mais consolar,
que ser consolado;
Compreender, que ser compreendido;
Amar, que ser amado;
Pois é dando que se recebe;
É perdoando, que se é perdoado;
E é morrendo que se vive para a vida eterna.
(São Francisco de Assis)

Hoje celebra-se S. Francisco de Assis fundador da Ordem dos Franciscanos e seguidor de Jesus Cristo. Aqui fica a homenagem a esse homem com este poema que reflecte o seu Amor pelo próximo.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Utopia

Revelo-me ao som do toque incontido de um olhar
Desfolho-me com o gesto subtil de um sorriso
E identifico-me no abraço ténue de um pensamento

Olhares...Sorrisos... e Pensamentos...
Momentos...
Devaneios... Utopia - Eis o meu significado!

E na surpresa deste instante,
antevejo tudo num breve sopro de insanidade...
e mesmo que este tudo seja ridicularizado a um simples nada,
decifro-o como um nada inegavelmente fascinante!