sábado, 30 de maio de 2009

Desassossega-me, Bernardo Soares


Cada frase, cada palavra projecta-me para uma imensidão de dúvidas e sentimentos estranhos. A primeira vez que este livro repousou perto do leito dos meus sonhos, só lá esteve dois dias: foi completamente devorado!! Absorvi as suas páginas em menos de nada e chorei, chorei por sentir-me impressa naquelas sentenças e por me sentir impressionada que alguém pudesse envolver-se de um estado de espírito tão sombriamente belo… Só quem leu e se maravilhou :-) pode entender. São como desejos entrecortados por experiências de vida embrenhadas numa completa solidão… na escuridão do isolamento social, como se as palavras ditas pudessem querer significar meros instrumentos de tortura. A dor que nem é sentida promove essa relação com o mundo. Senti-me imediatamente arrepiada: “… e do alto da majestade de todos os sonhos…” fui procurando mais, seguindo a vida deste ajudante de guarda-livros da cidade de Lisboa, até à última sílaba… até ao expiro final…
Sonhei Bernardo Soares como um homem que nem sabia quem era… mas que sabia o que era. Olhei-o intensamente admirada pela sua prosa poética, capaz de absorver o meu espírito, reverenciando a sua obra. E reli e reli até cada som silencioso ficar inscrito na minha memória--- permanecendo inadvertidamente imiscuído nos meus sentidos.... para todo o sempre.

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